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1 em cada 5 cidades brasileiras não oferece educação básica para adultos (EJA), afetando mais de 9 milhões de analfabetos e contribuindo para a estagnação no combate ao analfabetismo funcional, apesar da obrigatoriedade legal e iniciativas recentes do governo para ampliar o acesso.
Você sabia que uma em cada cinco cidades brasileiras não oferece vagas na educação básica para adultos? O que isso significa para milhões que ainda sonham em aprender a ler e escrever? A realidade é mais preocupante do que parece.
O que é a educação básica para adultos e por que ela é indispensável
A educação básica para adultos, também conhecida como EJA (Educação de Jovens e Adultos), é uma modalidade que oferece a oportunidade para quem não concluiu os estudos na idade adequada. Ela engloba o ensino fundamental e médio voltados para pessoas que buscam recuperar o tempo perdido e conquistar habilidades essenciais como leitura, escrita e cálculo.
Esse tipo de educação é indispensável porque promove a inclusão social, abre portas para melhores oportunidades de emprego e contribui para o exercício pleno da cidadania. Sem acesso à EJA, milhões permanecem excluídos, enfrentando dificuldades econômicas e sociais.
Aprender nunca é tarde: garantir educação básica aos adultos é combater desigualdades históricas e transformar vidas.
Além disso, a educação para adultos ajuda a combater o analfabetismo funcional, que afeta grande parte da população brasileira e prejudica a participação plena na sociedade.
Por fim, a Constituição brasileira torna obrigatória essa oferta, reforçando sua importância como direito fundamental e instrumento de justiça social.
O panorama atual: 1 em cada 5 cidades brasileiras sem oferta da EJA
Atualmente, cerca de 1 em cada 5 cidades brasileiras não oferece vagas na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Isso significa que, dos 5.500 municípios do país, mais de 1.000 não possuem nenhuma oferta para quem busca completar a educação básica fora do padrão regular.
Essa realidade é preocupante diante dos mais de 9,3 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e dos quase 65 milhões sem ensino médio completo. A falta de oferta nas cidades dificulta o acesso ao conhecimento e mantém um ciclo de exclusão social.
Quando as cidades deixam de oferecer educação básica para adultos, milhares perdem a chance de transformar suas vidas.
Além disso, o número de cidades sem matrículas em EJA aumentou, passando de 1.009 em 2023 para 1.092 em 2024, um crescimento de 8%. Apesar da obrigatoriedade legal, muitos municípios alegam baixa demanda, enquanto os dados revelam o contrário: a necessidade ainda é grande e real.
Estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais concentram a maior parte desses municípios, acumulando mais de um quinto do total de analfabetos do país. Essa situação mostra um quadro que exige atenção e ações eficazes para garantir o direito à educação para todos.
Consequências sociais e econômicas da falta de ensino para adultos
A ausência de educação básica para adultos impacta profundamente a sociedade e a economia brasileira. Sem acesso à EJA, adultos permanecem analfabetos ou com baixo nível educacional, o que limita suas oportunidades de emprego e renda.
Essa exclusão educacional contribui para a perpetuação do ciclo da pobreza, já que pessoas com pouca escolaridade têm menor chance de conseguir trabalhos formais e salários melhores. Além disso, afeta a participação cidadã, limitando o acesso a informações essenciais e o exercício pleno da democracia.
Uma sociedade que não educa seus adultos está condenada a repetir desigualdades e deixar talentos invisíveis.
Economicamente, a falta de educação representa menor produtividade e competitividade, afetando o desenvolvimento local e nacional. Investir na EJA é, portanto, investir em uma sociedade mais justa, inclusiva e capaz de crescer de forma sustentável.
Sem essa conscientização e ação, o Brasil corre o risco de ampliar seu contingente de analfabetos funcionais, prejudicando gerações futuras.
Iniciativas do governo para ampliar o acesso à educação básica para adultos
O governo federal tem adotado medidas importantes para ampliar o acesso à educação básica para adultos, especialmente por meio do Ministério da Educação (MEC). Uma das principais estratégias é o Pacto EJA, lançado recentemente com a meta de criar 3,3 milhões de matrículas nas redes estaduais e municipais.
Para isso, foram destinados R$ 120 milhões, o maior investimento desde 2017, sinalizando a retomada da prioridade para essa modalidade. Além disso, o valor pago pelas matrículas da EJA pelo Fundeb foi equiparado ao do ensino fundamental e médio regular, aumentando o incentivo financeiro para estados e municípios.
Garantir financiamento justo é o primeiro passo para tornar a educação para adultos uma realidade acessível e sustentável.
Outra iniciativa do MEC é aprimorar os mecanismos de controle para assegurar que todos os entes federativos cumpram sua obrigação legal de ofertar a EJA, inclusive com institutos federais reservando 10% das vagas para essa modalidade, embora esse percentual ainda não seja cumprido integralmente.
Essas ações refletem a preocupação em reverter a queda nas matrículas e combater o analfabetismo funcional, buscando garantir o direito fundamental à educação para todos, independentemente da idade.
Desafios e soluções para garantir a inclusão educacional em municípios do Brasil
Garantir a inclusão educacional em municípios brasileiros enfrenta diversos desafios, como a falta de infraestrutura, professores capacitados e o esvaziamento das turmas da EJA. Muitos municípios alegam baixa demanda, mesmo diante de indicadores que revelam grande necessidade.
Além disso, a concentração das turmas em poucas escolas dificulta o acesso para adultos que dependem de transporte público ou possuem horários restritos. A falta de políticas locais efetivas agrava a exclusão, principalmente em cidades menores.
Construir uma rede educacional inclusiva requer planejamento, investimento e compromisso de todos os níveis governamentais.
Como solução, é fundamental fortalecer o apoio financeiro via Fundeb, ampliar capacitação docente e implementar programas de mobilização comunitária para incentivar a matrícula e permanência dos alunos na EJA. Tecnologias digitais também podem ampliar o alcance do ensino.
Investir em estratégias específicas para reverter o alto índice de analfabetismo funcional e garantir que adolescentes em idade escolar frequentem a educação regular também são passos essenciais para um sistema mais inclusivo e eficaz.
A educação básica para adultos é um direito fundamental e uma ferramenta poderosa para transformar vidas. Embora o Brasil enfrente desafios significativos, como a falta de oferta em muitos municípios, a mobilização de governos, comunidades e educadores pode mudar esse cenário.
Investir na ampliação e melhoria da EJA é investir em uma sociedade mais justa e inclusiva, que valoriza o potencial de cada cidadão independente da idade. A ação conjunta e o compromisso contínuo são essenciais para garantir que ninguém seja deixado para trás no caminho do conhecimento.
Portanto, a esperança está em políticas eficazes, recursos suficientes e a força da educação para romper ciclos de exclusão e construir um futuro melhor para todos.