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Apoio da Gestão Escolar para o Uso de Laboratórios: Importância e Benefícios
Ainda que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) mencione o pensamento científico e o letramento científico, o ensino de ciências no Brasil é predominantemente baseado em aulas expositivas e reprodução de exercícios. Existe uma grande lacuna entre o que está presente na BNCC e a realidade das salas de aula, dos materiais didáticos e das avaliações externas. Além disso, professores de ciências muitas vezes se protegem em conteúdos e modelos tradicionais.
Para reverter esse cenário, é necessária uma revisão da formação de professores e das políticas públicas de implementação e avaliação. Como gestores de escolas públicas ou privadas, é possível fomentar o verdadeiro pensamento científico. Os diretores escolares, coordenadores e diretores devem priorizar a reversão desse cenário, considerando os laboratórios e espaços criativos como elementos centrais nessa mudança. Pensar em como incorporá-los é um diferencial para a aprendizagem dos alunos e o resultado das escolas.
Independentemente do tamanho, localização ou nível de estrutura da escola, todo gestor deve se preocupar com o espaço de aprendizagem das ciências e das tecnologias. As aulas nessa área requerem um espaço especialmente planejado, integrado ao currículo e às avaliações, pois de nada adianta ter um laboratório se as avaliações se concentram apenas na memorização, ou ter uma sala repleta de experimentos que não são utilizados.
Investir em bons espaços e em laboratórios pode proporcionar às escolas brasileiras alcançar as metas do Projeto 2061, que visa a reforma curricular do ensino de ciências nos EUA, existente desde 1985, com ênfase no pensamento crítico.
Por onde começar um projeto de laboratório escolar?
O primeiro passo para implementar um laboratório escolar é ter uma visão de longo prazo e definir os objetivos e a visão da escola em relação ao espaço. É importante que a comunidade escolar esteja envolvida nessa definição. Uma vez estabelecidos os objetivos, é necessário considerar o orçamento disponível e os espaços possíveis dentro da escola para a criação desse ambiente.
Para criar um ambiente propício ao pensamento científico, é possível investir em experimentos importados, impressoras 3D, cortadoras e sensores, em escolas com orçamentos mais robustos. Por outro lado, com recursos mais limitados, o foco deve ser na otimização do espaço e na sua efetiva conexão com o currículo.
O planejamento do laboratório deve ser concluído antes da implementação. É essencial estabelecer uma conexão entre este ambiente, as aulas e as avaliações. Professores de ciências e gestores educacionais devem revisitar o currículo e as metodologias de avaliação, definindo como as aulas serão realizadas, sua periodicidade e a integração com as avaliações.
O laboratório escolar deve ser um local onde os alunos planejam, testam e aprendam com os erros. Não existe aprendizado mais significativo do que aquele proporcionado por experimentos que não funcionam como esperado, ou pela necessidade de planejar experiências inovadoras.
O currículo deve ser estruturado com foco nesses aspectos, considerando os momentos do ano letivo em que os alunos são incentivados a elaborar seus próprios experimentos, formular novas perguntas e buscar resultados.
Na experiência do Dr. Carlos Eduardo Rosas de Toledo, o ápice do processo de aprendizagem ocorreu durante a Feira de Ciências. Este evento representava o momento final de apresentação dos resultados experimentais, e o processo começava com um tema geral proposto pela equipe de professores. Em seguida, os alunos elaboravam perguntas e hipóteses, testadas e respondidas por meio de experimentos.
Durante um bimestre, os espaços criativos foram intensamente utilizados. Trabalhando em grupos, os alunos conduziram seus experimentos e coletaram dados, enfrentando os desafios de uma pesquisa científica real. Essa experiência se mostrou profundamente enriquecedora.
O laboratório escolar não é apenas um local, mas sim o cenário onde parte significativa do currículo é vivenciada, com o aluno no centro do processo de aprendizagem e avaliação. Como gestores educacionais, é nossa responsabilidade focar em soluções de longo prazo e superar barreiras imediatas. Priorizar o desenvolvimento efetivo do pensamento científico é essencial em todas as escolas, públicas ou privadas.